Pode ser que circunstâncias tenham interferido,ou pode ser que eu não estivesse devidamente preparado
– o que aperfeiçoa a reflexão sobre as minhas condições atuais e, portanto, é algo positivo. O exercício de analisar virtudes e limitações é um caminho para o autoconhecimento.
E, ao buscar equacionar esses pontos fortes e fracos, abre-se um caminho para o autodesenvolvimento. Se eu não tivesse dado aquele passo a mais, provavelmente eu perderia aquela oportunidade. Se a aproveitei e consegui meu intento, ótimo. Se identifiquei a oportunidade, mas os resultados não saíram como o esperado, pelo menos eu tentei. Fiz a escolha e dei o meu máximo na minha circunstância. Não deu? Posso analisar as variáveis e tomar como aprendizado para a próxima tentativa. De todo modo, é melhor do que não ter tentado e ficar na nostalgia do “ah, se eu tivesse feito…”. Ou do que carregar a sensação de que o medo do fracasso falou mais alto que o desejo de sucesso.
Afinal, a consciência da covardia de si mesmo é muito incômoda, muito dolorida. Quando você, intimamente, se sabe covarde, convive com uma perturbação. Há decisões que podem gerar frustração, mas o peso é menor do que o arrependimento de ter desistido antes mesmo de tentar.
É evidente que, em qualquer tomada de decisão, deve-se considerar a possibilidade de um passo que não seja bem-sucedido ou de um resultado que fique aquém da expectativa. Ainda assim, não dar o passo é a impossibilidade de prová-lo. Toda experimentação carrega alguma dose de perigo. Não é casual que as palavras “perigo”, “experimentar” e “perícia” tenham origem no antigo verbo latino periri.
Ficar no meio do caminho é sempre desperdiçar uma possibilidade, o que leva àquela sensação da vida que acontece no futuro do pretérito, o território imaginário daquilo que não se concretizou: “eu poderia ter feito”, “eu deveria ter tentado”, “eu precisaria ter insistido”, “eu conseguiria, se…”, “eu chegaria, caso…”.
Cada pessoa tem um limiar para lidar com o risco. Algumas não trocam o certo pelo duvidoso, mesmo que o certo não seja bom nem gratificante. De fato, ficar onde se está é sempre mais cômodo, mas comodidade nem sempre é indicativo de uma vida melhor. […]